segunda-feira, março 30, 2009

pensar que o hoje
é um ontem-hoje
o que fiz com meus brinquedos
com minha mãe
com meus silêncios
com os medos e as formigas
com os helicópteros, papagaios
com os espelhos

pensar nos pedaços
nas coisas todas lançadas
no pai, na pia, na praia
encontrar nesses eventos
espaço para o que sou hoje
sentir continuidade
não são pedaços, culpa do espelho
é uma presença inteira
sou

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

quando o céu vira avenida e estrela vira automóvel é que fico percebendo a infinitude de coisas celestesestelares que vêm visitar meu peito, perna, braço, pulmão.

quarta-feira, dezembro 03, 2008

depois da gestação

agora são quase dois anos
posso dizer que o filho nunca nasceu assim, de corpo físico mesmo
nasce até hoje em horas que bem entende
na verdade, não é que ele nasça,
ele está no mundo e não há mais volta, sempre ouvi que: o que está no mundo é do mundo
é como se a partir do momento em que se deu, pontual, fio na agulha, cabeça por entre as pernas
depois de tanto tempo relógio doido, anti-horário, tempo tempo tempo ensaiando
eis que sai alguma coisa já sendo, forte o suficiente para sair de dentro do conforto
filho incrustado no próprio ventre é dor e delícia, não há onde se doa nesse mundo que não se goze também, no outro mundo – e cabem numa só pessoa
mas tem uma hora que começa a ficar tão grande aquilo lá dentro que quer sair quer sair e se permite que se saia, na verdade não há muita saída quanto se decide entrar numa sala de parto, só ir em frente
e caminhar é coisa que filho faz quando está por volta de 1 ano, como agora.

terça-feira, novembro 11, 2008

sina

sim
não
sina

nuvem
que nasce
e mina

japão
vulcão
neblina

minha alma
não tem
rotina

embora
se repita - exaurida
a questão lá em cima

terça-feira, setembro 16, 2008

cinemagiagora

desses tempos em que anda tão juntinho de
telas imagens: manias

convívio aproximado com
dilemas, poesia, miragens
cenas, cenários, viagens

coisa que gosta é edição, distração, inspiração

cruzadescruza com gente
difusa, confusa, reclusa, intrusa, e usa
na sua exigênciapersistência, de palavras e corpo para rotas terrenas e divinas

respira vídeos
cheira luzes
come sons
imagina cores

não vive mais sem precisar ângulos, captar roteiros, flagrar personagens

não dá um passo que não adentre história adentro
e
mora na película de um coração que não é digital

sexta-feira, agosto 01, 2008

tombo

não importa o teor
o tempo
a temperatura
o trato
o tato
a ternura
o que me vem é sempre estranho

(claros ou escuros)

estrangeira de uma casa íntima
o que importa é mesmo esse caminho
torto, turvo, tonto
ou ainda amorfo de seu próprio túmulo
que assim nasce-morre ventania
quando muito

quarta-feira, julho 30, 2008

sobre ares e clarezas:

vontade de abrir a janela do mundo,